A montanha mágica
Thomas Mann
Companhia das Letras
848 páginas
Ano de publicação: 1924
Sobre o que é: Hans Castorp é um jovem singelo claramente libriano que consegue um emprego como engenheiro e como tem um tempinho extra decide, antes de começar, dar uma passadinha no sanatório para tuberculosos Berghof, que fica no cume de uma montanha em Davos, na Suíça, para visitar seu primo Joachim Ziemssen. A ideia do menino Hans era ficar lá por apenas 3 semanas, porém coisas acontecem porque, hello, ele está cercado de gente tuberculosa, e sua estada se prolonga por beeeeeeem mais tempo do que isso. Porém, o tempo é algo meio que inexistente lá na montanha e ninguém dá muita importância a isso, apesar de conversarem pra caramba sobre a vida, o universo e tudo o mais.
Por que ele é bom? Porque Thomas Mann, essa pessoa maravilhosa? Porque críticas sutis ou nem tanto assim ao capitalismo e a trocentas coisas da vida moderna, incluindo, mas não se limitando a, à burguesia, à religião e ao Estado? Porque o cara começou a escrever esse livro antes da Primeira Guerra Mundial e só o finalizou após ela ter terminado? Porque ele é um retrato bem fiel da alta sociedade europeia alienada da época? Porque Hans Castorp é adorável e não tem como não virar crush literário? São questões.
A Montanha Mágica é um daqueles livros que a pessoa termina de ler já querendo começar tudo de novo porque é simplesmente apaixonante e envolvente. A narrativa do Thomas Mann flerta com contos de fadas, porém é um conto de fada cujas personagens são tuberculosas, onde o castelo é um sanatório no cume de uma montanha e que se passa numa época fantasiosa em que o Tempo (com t maiúsculo) nada significa e o mundo se prepara para sua primeira Grande Guerra.
Mas ninguém disse que a mágica do título era boa, não é mesmo?!
Hans Castorp é um guri bem bobalhão no início do livro que vai crescendo conforme a história se desenrola. Isso porque a montanha não tem apenas alemães ou suíços: lá tem tudo quanto é gente, de várias nacionalidades, e o menino Hans fica amiguinho de umas pessoinhas bizarras & tagarelas que passam metade do livro discutindo acerca de tópicos tão ou nada relevantes, tudo pra não encarar a realidade de que: meu amigo, tá vindo uma Grande Guerra por aí, se aprume.
Uma dessas pessoas é um pedagogo-humanista-literato chamado Settembrini, que é simplesmente maluco. Ele quer porque quer educar o menino Hans porque, né, quem não gostaria. Eita, menino perdido esse. Mas aí as coisas saem de formas nada agradáveis e cês vão ter de ler pra saber do resto.
Deixa eu fazer um adendo do porquê Hans Castorp virou amorzinho literário: o menino chega à montanha, cheia de gente colocando os pulmões pra fora, mas acha que jamais pegará nada - sendo que o próprio médico chefe, assim que o vê pela primeira vez, deixa bem claro que nunca conheceu ninguém saudável. Mas aí Hans Castorp, essa pessoa invencível, um dia se depara com uma mulher que ele considera irritante e desleixada, chamada Clawdia Chauchat. Um dia depois, menino Hans faz uma caminhada e começa a tossir e a sangrar loucamente. O que ele conclui disso? QUE ESTÁ COM A DOENÇA DA PAIXÃO, MAS É CLARO.
Hans, querido, dá cá a mão e miajuda a te ajudar, sim?!
Por que ele é ruim? Ele não é ruim. Gente, esse livro entrou facilmente pra minha lista de livros preferidos da vida. Inclusive, eu não estava nem na metade da leitura quando isso aconteceu. Os únicos poréns, talvez, são que:
Deixa eu fazer um adendo do porquê Hans Castorp virou amorzinho literário: o menino chega à montanha, cheia de gente colocando os pulmões pra fora, mas acha que jamais pegará nada - sendo que o próprio médico chefe, assim que o vê pela primeira vez, deixa bem claro que nunca conheceu ninguém saudável. Mas aí Hans Castorp, essa pessoa invencível, um dia se depara com uma mulher que ele considera irritante e desleixada, chamada Clawdia Chauchat. Um dia depois, menino Hans faz uma caminhada e começa a tossir e a sangrar loucamente. O que ele conclui disso? QUE ESTÁ COM A DOENÇA DA PAIXÃO, MAS É CLARO.
Hans, querido, dá cá a mão e miajuda a te ajudar, sim?!
Por que ele é ruim? Ele não é ruim. Gente, esse livro entrou facilmente pra minha lista de livros preferidos da vida. Inclusive, eu não estava nem na metade da leitura quando isso aconteceu. Os únicos poréns, talvez, são que:
a. ele tem quase mil páginas
dependendo da edição, inclusive, chega a faltar umas 20 páginas para as mil, e isso torna a leitura meio assustadora de início porque parece que nunca chegará ao fim, mas posso afirmar que ele acaba antes do que imaginamos e nos faz querer mais e mais;
b. há uma passagem bem importante inteiramente em francês, sem tradução
mas há blogs com uma tradução livre desse trecho e, bem, dá pra entender por que ele permanece em francês, é importante pra o espírito da história;
c. há trocentos diálogos histórico-filosóficos
e nem todo mundo tem saco pra isso, mas, novamente, é bem importante pra o espírito da história e, particularmente, eu amei esse ponto, já que Thomas Mann fez tudo com muito sarcasmo e bom humor ♥ porém, entendo que nem todo mundo, né.
Se eu recomendo a leitura? SIIIIIIIIIIIIIIIIIM!!!! Eu nem sei o que cê tá fazendo aqui neste blog que ainda não foi atrás desse clássico maravilhoso. GO GO GO \o/ Mas é aquilo: é um livro sensacional, divertido e apaixonante, só que não é fácil e cê não vai lê-lo em 3 dias, não. Vai ter vezes em que você precisará largar ele de mão e ler algo mais leve e idiota, porém não desanime: cê vai sentir saudade de Hans Castorp & sua turma e logo voltará à leitura.
Em um quote:
Que é o tempo, afinal? Quer me dizer isto? Percebemos o espaço com os nossos sentidos, por meio da vista e do tato. Muito bem! Mas que órgão possuímos para perceber o tempo? Pode me responder essa pergunta? Bem vê que não pode. Como é possível medir uma coisa da qual, no fundo, não sabemos nada, nada, nem sequer uma única das suas características? Dizemos que o tempo passa. Está bem, deixe-o passar. Mas para que possamos medi-lo... Espere um pouco! Para que o tempo fosse mensurável, seria preciso que decorresse de um modo uniforme; e quem lhe garante que é mesmo assim? Para a nossa consciência, não é. Somente o supomos, para a boa ordem das coisas, e as nossas medidas, permita-me esta observação, não passam de convenções... (p. 79)